“ Este vai ser o melhor dia das mães que você já teve”, dizia às vésperas deste domingo, Laila em seus recém feitos 6 anos. Ao abrir a porta de meu quarto pela manhã, saltitava e dizia emocionada: “surpresaaa! Café da manhã na cama para ti hoje, mamãe! E eu fiz um cartão onde escrevi “ eu te amo” (a vovó me ajudou!) e tem presente! Vai mamãe, se encosta na cama pra tomar café! Tem banana com aveia, ovinhos mexidos e bolinho integral! Tudo o que você mais gosta!”

Enquanto eu sorria e a abraçava, encantada com sua alegria em me festejar, internamente eu entrava num estado alterado de consciência, um estado de graça, onde a existência alcança o pleno sentido: sentir-me absolutamente amada.

É deste amor, vindo da total pureza e inocência da criança, que tenho forças para enfrentar este mundo, venha o que vier. É deste amor que transformo o cansaço brutal de quem trabalha sem parar para que ela tenha a vida cuidada desde a plena atenção e responsabilidade por a ter parido e guiar sua caminhada nesta Terra. É deste amor que minha fé se alimenta e vira ação para revolucionar o sistema doentio/egoísta/patriarcal e proporcionar atitude e segurança para que ela tenha voz, corpo e alma respeitada e para que desfrute e viva sua biologia instintiva no desafio de nascer fêmea neste mundo.

Laila me contagia com sua alegria de viver! Ao seguirmos em festa, depois do almoço especial que a vovó fez com lasanha de carne “sem bichinho”(soja), Laila me levou a mais surpresas: a sala onde havia decorado a mesa com flores e pudim especial com calda de morangos e mirtilos, mostrando a galeria de pinturas que fez “ às escondidas” da mamãe, durante toda a semana com os avós, nossos vizinhos.

Ao ver a flor de minha mãe acima dos três girassóis pintados por meu pai, senti profunda gratidão por estar viva e ser abençoada por tamanha simplicidade e significado. Essa é a lição desta quarentena para mim: reverenciar diariamente a vida que meus pais dedicaram à nossa família e que está em pleno florescimento através de minha maternidade. Assim, em natureza-pele, experimento o sistema de cura evoluindo através de cada geração, a partir do trabalho humano mais importante e insubstituível: aprender a amar e sermos amados por sermos quem somos, sem disfarce, sem parecer, sem ter.

Apenas S E N D O.

Com amor,
Feliz dia nosso de todos os dias – Mães!

Autora: Fernanda Franceschetto

Vulvoscopia FF: A jornada íntima sem tabu

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