Salve, hermana de vulva!
A partir deste 29/01 começo a publicar a série de escritos Vulvoscopia FF, para compartilhar contigo minhas vivências e pensamentos, com a intenção de te contagiar! Para que sirvam, de alguma maneira, ao teu autoexame e empoderamento para amar-se, amar ao outro e ser amada.
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I Autoexame Escrito – Série Vulvoscopia FF: experimenta a mulher que tu és
Tomada [ de consciência para o auto amor] – I
Ambiente: uma grande e iluminada sala, no alto das montanhas da Catalunya,
FF em vivências de trabalho interior sob a regência do maestro, Dr. Claudio Naranjo.
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É a primeira vez, em mais de 1000 dias dedicados 24h à maternidade,
que deito o corpo no chão e me entrego ao autoexame FF.
Não fazer.
Não pensar.
Apenas e tudo, respirar.
Entrar completamente em mim.
Começo a dar espaço aos sentidos, os guias para a revelação íntima.
Sinto o rosto acariciado.
Raios de luz tocando minha pele.
Amplio a atenção interna para sentir a qualidade do toque.
De etérea, a luz transforma-se em física, concreta.
E acende o prazer em minha pelve.
Tiro a roupa, por baixo do cobertor.
Me permito estar nua e desfrutar de mim mesma, aqui e agora.
Sigo deitada e abro as pernas como borboleta.
Permito à vulva também respirar.
Os sons começam a me penetrar.
Vozes de anjos em sinfonia erudita, escolhida por Claudio Naranjo.
A música me abre mais e mais e mais.
Sinto o corpo perder o limite físico.
Experimento o vazio luminoso.
Surge a imagem: seres sem rosto definido, perfilados um ao lado do outro.
E a pergunta: como cheguei a esta vida?
Aparece a figura de meu jovem pai.
Reverencio o esperma sagrado.
E me dou conta de seu posterior sacrifício para minha liberdade de ação no mundo.
Aparece a figura da mãe, ainda mais jovem.
Contemplo sua vulva virgem, inocente e ingênua perante ao mesmo mundo.
Agradeço a vida, honro e liberto a dor vivenciada através das linhagens ancestrais.
Volto a sentir minha vulva.
E uma espécie de fio dourado vai costurando o sexo à minha alma.
Me dou conta – mais uma vez – que não existe estado de separação.
O êxtase em minha genitália começa a expandir-se.
Acesso um estado de auto amor jamais experimentado.
Sigo entregada, com as pernas totalmente abertas.
Sustento os seios, apontando os mamilos para o céu.
Claudio escolhe Carmina Burana, a ópera da roda da fortuna, da vida e da morte.
Recebo como um presente.
Também a usei para criar trabalhos em meu primeiro grupo terapêutico na Espanha.
Me deixo ser conduzida pela música.
O corpo é arrebatado por movimentos involuntários.
Entro em transe.
A fêmea dionisíaca, o instinto animal sagrado, apodera-se da identidade FF.
A pelve torna-se uma serpente no chão e o tronco uma águia em voo sublime.
Sou plena natureza selvagem e orgástica.
Ao voltar à consciência, sinto o toque em minha mão.
Abro os olhos.
O homem pelo qual me apaixonei há 6 anos.
Um encontro avassalador que transformou a minha vida e me tornou mãe.
Peço a ele que tire a roupa para me abraçar.
Ficamos deitados, em silêncio, unidos em paz e amor.
Até surgir a volta do ego: eu tenho medo, ele diz.
Proponho trocar o verbo ter por sentir.
Pois a cada vez que diz ter medo, retém o medo em si mesmo.
Ao se permitir sentir o medo, possibilitará soltar o medo e confiar.
Ao final do encontro, Claudio aborda minha vivência como a volta ao Paraíso:
o rompimento do tabu da vergonha de ser e estar completamente NU, ou seja,
SENDO TUDO AQUILO QUE SE É.
Reconhece minha entrega profunda ao processo de transformação interior.
Incentiva a missão para servir: “leve adiante teus ensinamentos, tuas aprendizagens.”
É para isso que estou transformando a cada dia a minha vida,
E admito que começo 2018 em novo encontro de amor comigo.
Mereço ser aceita e amada – não temida – em meu ser e poder.
Viva, viva, viva Fernanda.
Feliz aniversário, feliz renascimento neste 29 de janeiro de 2018.
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Fernanda Franceschetto
fêmea, mulher, mãe, terapeuta-gestalt, atriz, jornalista e mística moderna