
Fui tocada nesta primeira lua cheia de 2020 enquanto ajeitava o espaço da mesa pra cortar pedaços de pizza.
Levantei o olhar e o encontrei olhando para mim.
Não desviei.
Atravessei um pontinho de timidez e sustentei ao ouvir minha voz íntima: “ desfruta a mulher que tu és e a energia que está sendo emanada para ti, aqui e agora”.
E que energia.
Uma presença naturalmente aberta, forte e íntegra.
De olhar vivo, brilhante. Como há muito eu não via.
Em silêncio e à distância, me deixei penetrar pela virilidade de sua alma.
Que homem.
Externamente, sem qualquer adereço e sinal aparente de vaidade.
Vestia uma camiseta azulada sobre a pele morena, levemente suada.
Não ouvi sua voz.
Quando saí, fui eu quem me aproximei e lhe disse: gratidão.
Sorrimos como se nos abraçássemos.
Depois, em frente a montanha-templo e vendo o mar iluminado pela lua, ofereci um rezo por minha vida: que eu siga amando-me profundamente sem deixar de abrir-me aos toques e sussurros que o novo ciclo já vem despertando.
Autora: Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF: A jornada íntima para tornar-se mulher, sem tabu ⠀
Imagem: @cecile_hotties