
A chegada do verão é sempre nostálgica para mim.
Hoje lembrei dos banhos coletivos com as primas na casa da avó italiana.
A alegria que era voltar da praia comendo churros e seguir ao banheiro falando sem parar, tirando os biquínis com quilos de areia enquanto contávamos histórias vividas e inventadas sem fim.
Uma pulsão de vida contagiante, uma libido natural e espontânea, traduzida em alegria e inocência.
Durante anos passamos verões juntas, ouvindo descobertas, intimidades, influenciando umas às outras.
Lembro de nossas vulvinhas sem pelos! E de quando começamos a ficar menstruadas, com direito a TPM’s compartilhadas!
E a dureza do fim das férias e da nossa adolescência; a separação concreta ao entrarmos em Universidades. O mundo patriarcal nos penetrando e cada uma seguindo em sua jornada de coragem, enfrentamentos e (muitas) dores.
Inúmeras lutas profissionais.
Casamentos desfeitos.
Rompimentos profundos com crenças culturais e familiares.
Gritos de liberdade entre e por todas nós – cada uma a sua maneira e tempo.
Hoje, mais além de nossas funções oficiais como terapeuta-comunicadora, educadora-paraquedista, arquiteta, executiva, administradora ou advogada, nossos úteros seguem criando e parindo crianças e sonhos.
Torço para que continuemos a expandir a força e o prazer em sermos as mulheres que somos, reverenciando nossa revolução, sabedoria, corações, corpos e vulvas divinas!
E que a memória daqueles verões siga como fonte de alegria e autêntica sororidade entre nós!
Autora: Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF – A jornada íntima para tornar-se mulher, sem tabu