
Assim nos despedimos de agosto e de quase meio ano de quarentena na capital gaúcha. Agora em Florianópolis, na ilha da magia, acolhidas pela mãe Natureza.
E me dou conta que estou em maternidade solo – desenvolvendo duplo papel de mãe e pai diariamente – há um setênio, contando o tempo de Laila na barriga: 7 anos de revolução visceral e consciente.
A maternidade é a maior escola de ralação de ego. Não há templo, guru ou escritura sagrada que se compare à prática de cada momento vivo e desafiador com um ser puro, totalmente aberto e dependente, através de suas necessidades orgânicas de sobrevivência e desenvolvimento.
Minha radical entrega à maternidade também é um caminho de prevenção às doenças do mundo, consequências do sistema patriarcal.
Estou segura de que a concepção, gestação, parto, amamentação e acompanhamento intensivo nos primeiros anos de vida são absolutamente fundamentais para a construção da pessoa que minha filha torna-se a cada dia.
Ajudar a ser quem ela é, em todo seu potencial de vida, é a missão que tenho como mãe. Quanto mais forte o vínculo de amor como prática diária – não como ideal ou conceito abstrato – mais concreta é a saúde plena em forma de alegria e vontade de realização deste ser-no-mundo, a quem dei nome de Laila.
É fácil ser mãe solo? Não! É foda*!!! Mas a recompensa é proporcional: a cada dia, a cada vivência, a cada desafio, me fortaleço e evoluo para ter ainda mais coragem em meus propósitos de servir ao
próximo. Aprendo a receber a vida de braços abertos, venha o que vier, em plena consciência e estado de atenção no aqui e agora.
Sabe aquela frase: “ quando o discípulo está pronto, o mestre aparece” ? Assim é. Invoquei a maternidade de forma consciente. E Laila veio como mestra. Laila é criança. E toda criança é mestre. Laila é vida pulsante e livre. Laila é a plenitude do S I M à vida. Me ensina a profundidade do estado de presença para jogar o jogo da vida, o brincar a vida, o “ ludus do devir”, como diria meu outro mestre, antes da chegada dela, o querido Frederico, Nietzsche.
Que venha a nossa VIDA NOVA, que venha setembro, que venha mais esperança a todas e todos nós com o florescer da primavera! E que Laila e eu sigamos sendo nutridas pela luz divina que nos une para compartilhar com todas as pessoas que encontramos nesta vida! Mais que mãe e filha, somos muito AMOR em dose dupla!!!
* confessando meu palavrão preferido, a pedido de um leitor/seguidor fiel.
Texto de Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF: A jornada íntima sem tabu
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