
Salve, irmandade!
A vulnerabilidade foi um grande tabu durante quase toda a minha vida.
Sempre me mostrei e me relacionei no máximo da potência, da beleza, da expressão virtuosa, apaixonante e apaixonada pela vida e pela gente com quem me relacionava.
Solar, radiante, intensa, autossuficiente, livre.
Curioso é que os grandes encontros românticos que vivi, terminaram em muito sofrimento e exaustão.
Repeti, uma e outra vez, em diferentes níveis de inconsciência, o mesmo padrão: dava ao outro demais de mim, muito além do suficiente equilíbrio, esgotando todos os meus recursos, ressentida comigo mesma e deixando-me ser absolutamente sugada, ficando sem energia para trabalhar internamente o que era essencial pra mim.
Vivi paixões avassaladoras, onde só a mulher inatingível, perfeita, fantástica e excepcional tinha vez. Todo o universo íntimo sombrio, menos atraente, mais frágil, inseguro, medroso, hesitante e solitário, ficava escondido pela ideia louca de que perderia a admiração e o poder se me mostrasse em minha vulnerabilidade.
Com o tempo entendi que o reencontro com minha alma e sexualidade profunda dependia exatamente disso: de ser quem eu sou por inteira, doa a quem doer menos a mim, que preciso aprender a amar integralmente, acolhendo minhas sombras com o mesmo carinho que acolho virtudes.
Sigo aprendendo a curar o sistema patriarcal de dentro para fora, diariamente: enfrentrando crenças e comportamentos que me tornam refém da vaidade e da necessidade da aprovação alheia.
Me sinto a cada dia mais humana, demasiadamente humana ao assumir a vulnerabilidade de minha alma como sinônimo da força e coragem em viver o SER ilimitado que sou.
Fernanda Franceschetto
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