
Salve, irmandade! Hoje, 1 de setembro, dia da Amazônia, senti de compartilhar com vocês, o primeiro grande trauma em minha jornada de despertar existencial e espiritual: quando fui refém de madeireiros criminosos e quase morri ao fazer uma reportagem investigativa especial, há exatos 20 anos, em setembro de 2002.
Foi o maior protesto na época, desde o assassinato do líder seringueiro e sindicalista Chico Mendes. A comunidade de Porto de Moz, com o apoio do Greenpeace, bloqueou um rio, para exigir a criação de uma reserva extrativista como garantia de sobrevivência e desenvolvimento sustentável da região.
Quando fui pegar o avião de volta para São Paulo, 600 pessoas me cercaram. Não havia proteção suficiente para mim e mais três colegas. Os poucos policiais alertavam para fugir ou seríamos mortos. Parte da população nos ameaçou de forma violentíssima.
Consegui entrar na velha kombi da polícia e me esconder. Foram atrás de mim e arrancaram a minha bagagem. Destruíram todo o material, 12 fitas de reportagem. A tentativa de linchamento contou com o apoio do prefeito e madeireiro da cidade, que incitou a violência contra nós.
Depois de muita tensão e perigo, fui escoltada com os colegas até o porto, onde fugimos em uma voadeira – e logo, em plena tempestade – no encontro dos rios Xingu e Amazonas, em busca do barco do Greenpeace.
Ao voltar realizei o documentário “Amazônia – terra sem lei” para a TV Record onde denunciei o movimento criminoso aliado ao poder político na região; a partir da narração como repórter e vítima da violência.
Ao final, o caso repercutiu internacionalmente através do Greenpeace e na mídia brasileira; o que – felizmente – contribuiu para garantir a vida de milhares de pessoas, a partir da criação da reserva extrativista “Verde Para Sempre”, em 2004, em uma área de mais de um milhão de hectares, em Porto de Moz, Pará, Amazônia.
O trauma da violência vivida na Amazônia, aliadas às injustiças econômicas que sofria sendo jovem e talentosa jornalista mulher e os graves episódios de assédios sexual, comentados na imprensa de maneira corajosa, alguns anos depois, me levaram a enterrar o jornalismo no coração.
Mas não a busca pela verdade, o que sempre moveu e segue movendo minha metamorfose interna e externa.
Sigo me lançando ao mar da vida, ancorada na força da alegria em existir como um processo humano.
A cada nova onda, sinto um misto de medo do absoluto mistério que é viver e do fascínio em ser penetrada por isso.
Na superfície busco o silêncio e o ar, reverencio todos os aprendizados que me transformaram, e me entrego ao novo mergulho, à nova morte do seguro.
Não sei aonde vou parar, mas sei que nadar profundamente em direção à alma, ao ser, é minha natureza radical.
Em amor e coragem,
Fernanda Franceschetto
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Laboratório do Amor FF
Ps: para mais detalhes sobre a minha vida quando estava na TV como jornalista e depois como atriz, e todo o processo de despertar veja a Trilha da transformação FF, aqui no site FF.