” Boa noite, Fernanda…Sou homen e seu seguidor e gosto muito da liberdade com a qual fala sobre sexo. Uma mulher como você que é desejada/ fantasiada por muitos se sente ofendida ou “ feliz” por isso? Abraço”

FF responde: De maneira alguma me sinto ofendida pela ideia de que homens tenham desejo ou criem fantasias comigo. Respeito a liberdade de cada um fazer o que bem entende com seus impulsos e força erótica. É o campo do outro, não meu. Não julgo nem reprimo.

Tampouco fico “feliz” pois meu ego (bem gasto pela caminhada de trabalho interior) não precisa mais desse tipo de reconhecimento. Mas não serei hipocrita em negar o imenso poder que reside em ser desejada/ fantasiada sexualmente. E isso foi comum durante minha biografia e de certa forma me causou muito mais danos do que celebrações.

Profissionalmente sofri muito na época como jornalista, repórter e apresentadora de TV; e há mais de dez anos quando não se falava sobre assédio sexual abertamente, eu já dava a cara a tapa em entrevista revelando o que havia acontecido comigo. Jamais negociei meu corpo e paguei um preço altíssimo por isso – e não me arrependo. Depois, na carreira como atriz, minha decisão em parar, veio justamente quando eu estava sendo fotografada pelo JR.Duran da Playboy, durante uma cena da série da HBO, “ fdp”.

Na vida pessoal, o desejo/fantasia sexual foi outro campo de batalha muitas vezes, entre a projeção da mulher ideal que “viam e queriam” e a mulher real que sou, com todas as imperfeições e vulnerabilidades que carrego. Sempre tive que lutar muito para que não me dominassem, pois havia sempre muita força e necessidade de me possuir, de me tomar radicalmente. E por mais que o sexo em si pudesse ser maravilhoso, minha alma gritava para se libertar. E a partir daí, muitas transformações eu vivi.

Hoje quem me conhece, vê, sente e toca minha alma integrada plenamente em minha sexualidade. E creio que o arquétipo da deusa do amor, dos antigos templos dedicados aos que procuravam aprender a fazer amor como ato sagrado da criação, está ativo em mim. Eu o recebo, o cultivo e abençoo. Fazer amor e ser amada assim, é puro estado de graça – e de consciência plena.

Texto de Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF: A jornada íntima sem tabu

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