Eu estava no banheiro do apartamento de meus pais na praia, tirando o esmalte das unhas com a acetona que encontrei, quando minha mãe entrou pra fazer xixi. “ Pode ficar filha”. E logo me vieram à mente, as imagens das vulvas de nossas três gerações.

E comecei a refletir sobre os processos de cura na sexualidade feminina profunda que podem e precisam ocorrer dentro do sistema familiar.

Felizmente minha mãe batalhou para que eu e minhas irmãs pudéssemos nos expressar livremente, sermos nós mesmas, e também falar abertamente sobre sexo quando quiséssemos.

Não ter vivido em um ambiente de tabus e repressões corporais desde a infância foi uma benção; fator essencial para o desenvolvimento saudável e prazeroso de minha sexualidade.

Lembrei da vez em que teimei em fazer um surpresa de aniversário para meu namorado em um motel, e meus pais não quiseram emprestar o carro e decidiram me dar carona e esperar em frente, até que o Edu chegasse, pois era longe e num local isolado. Enquanto eu preparava balões e velas lá dentro, meu pai de 1.93m passeava com o cãozinho Flocky, um mini poodle, na calçada do motel.

Edu demorou a se recuperar do susto, ao entrar no quarto.

Entre vergonha, muitas risadas, sexo e amor, foi uma noite inesquecível.

Cena que poderia estar na série da Netflix “Sex Education”, cuja segunda temporada começou na sexta-feira, dia 17 de janeiro.

É hilária, e mostra de maneira profunda, criativa, clara e contundente os dilemas e as necessidades que todos os adolescentes (e adultos) tem e vivenciam no universo do sexo e da intimidade; além de romper com os tabus do sistema patriarcal/ machista – que precisamos seguir enfrentando todos juntos, a cada dia, a cada relação e geração; independente de gênero ou orientação sexual.
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Fica a dica!

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Autora: Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF: A jornada íntima para tornar-se mulher sem tabu⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

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