Amar é um ato de coragem.

É romper a couraça que nos protege do medo de sofrer.

É desafiar nosso tempo de encontros líquidos e superficiais, em que a maioria busca alívio imediato à solidão, escondendo a necessidade profundamente humana de criar vínculos, pregando discursos que promovem cada vez mais separação e alimentando o patriarcado: que sustenta-se justamente na fragmentação e não na unidade.

Permita-se abrir o peito. Não só para lutar. Mas também para olhar dentro de ti.

Investiga se o que estás falando da boca pra fora é realmente o que estás sentindo do coração e da vulva pra dentro.

Experimenta soltar por um momento as teorias que carregas como boias de salvação contra o medo que sentes de te relacionar com honestidade e intimidade, e ser vista em tua sombra, dores, imperfeições e fragilidades.

Muitas vezes, as teorias não se sustentam na prática. E isso apavora especialmente a nós mulheres, que defendemos e batalhamos pela liberdade e igualdade de direitos e prazeres.

O campo dos relacionamentos românticos é também um campo político. Talvez o mais desafiador, onde estamos expostas aos íntimos e silenciosos graus de submissão que massacraram as gerações anteriores as nossas e contra os quais lutamos hoje.

Mas de nada vale a luta, se ela não for impulsionada pelo AMOR À VIDA, À EXISTÊNCIA HUMANA EM SI.

Ao conseguirmos atravessar o medo e viver pra valer os desafios e as bençãos dos relacionamentos, experimentamos sim a unidade, o encontro de opostos, as energias complementares, os sagrados feminino e masculino, dentro e fora de nós.

E isso não é conto de fadas, nem espera por príncipes, princesas ou místicas salvadoras da nova era. É uma possibilidade real que está ao nosso alcance, a partir do autoconhecimento profundo, da autêntica vontade e coragem para a transformação dos padrões e crenças que limitam a experiência de SERMOS HUMANOS e de AMARMOS UNS AOS OUTROS.

Texto de Fernanda Franceschetto
Vulvoscopia FF: A jornada íntima sem tabu

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