A vulnerabilidade foi um grande tabu durante quase toda a minha vida.

Sempre me mostrei e me relacionei no máximo da potência, da beleza, da expressão virtuosa, apaixonante e apaixonada pela vida e pela gente com quem me relacionava.

Solar, radiante, intensa, autossuficiente, livre.

Curioso é que os grandes encontros românticos que vivi, terminaram em muito sofrimento e exaustão.

Repeti, uma e outra vez, em diferentes níveis de inconsciência, o mesmo padrão: dava ao outro demais de mim, muito além do suficiente equilíbrio, esgotando todos os meus recursos, ressentida comigo mesma e deixando-me ser absolutamente sugada, ficando sem energia para trabalhar internamente o que era essencial pra mim.

Vivi paixões avassaladoras, onde só a mulher inatingível, perfeita, fantástica e excepcional tinha vez.

Todo o universo íntimo sombrio, menos atraente, mais frágil, inseguro, medroso, hesitante e solitário, ficava escondido pela ideia louca de que perderia a admiração e o poder se me mostrasse completamente vulnerável.

Com o tempo entendi que o reencontro com minha alma e sexualidade profunda dependia exatamente disso: ser quem eu sou por inteira, doa a quem doer menos a mim, que preciso amar em primeiro, segundo e terceiro lugar.

Acolho hoje minhas sombras com – quase – o mesmo amor que acolho minhas luzes.

Sigo aprendendo a curar o sistema patriarcal de dentro para fora de mim mesma: enfrentrando todas as crenças e comportamentos que me tornam refém de buscar meu valor através da admiração alheia.

Quero e seguirei sendo a cada dia mais humana, demasiadamente humana.

Que o próximo ciclo afetivo seja com alguém de coragem, alegria e leveza para me abraçar plena, imperfeita e livre!!!

V E N G A E L A M O R!!!

Autora: Fernanda Franceschetto
A jornada íntima para tornar-se mulher sem tabu – Vulvoscopia FF

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